Italianando: A Difícil Busca dos Documentos

por Daniele Polis
Italianando

Essa é a parte mais tortuosa do processo: juntar a documentação toda.

Juntar toda uma documentação é um parto, principalmente quando seu antenato italiano está morto, e nem digo por causa das certidões de óbito que tem que ser anexada, mas pelas informações que muitas vezes se contradizem entre os familiares vivos.

Se você ou sua família tem tudo em mãos, agradeça muito! Isso é o mais difícil, e muita coisa se perde no caminho. Meu caso ainda foi o mais complicado da vida. Todos os filhos do meu bisavô tem o sobrenome dele, Benzi. Só o meu avô que foi registrado com sobrenome da mãe, que é Polis.

Procuramos em Uberaba a documentação que conseguimos – e não foi muita – e vimos que em vários documentos constavam que meu avô e seus irmãos eram de Veríssimo, cidade a 45km de Uberaba. Tentamos ligar os pontos por nós mesmos, já que todo mundo que poderia nos ajudar em algo infelizmente já é falecido, e não conseguimos. Não tinha como, tínhamos que ir mais a fundo e tentar achar alguma pista na cidade vizinha.

E assim partimos pra Veríssimo.

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Chegamos em Veríssimo e fomos direto para o Cartório da cidade, eu estava naquele misto de esperança e medo de não achar nada. Como tive este caso maluco de sobrenomes, confesso que estava com medo de meu avô ser algum filho bastardo! Ahaha

No cartório conseguimos achar somente um registro de uma tia-avó que todos nós desconhecemos. Não achamos o nascimento do meu avô, nem casamento dos meus bisavós. Pelo menos não tão fácil. O óbito a pessoa responsável do cartório disse que é um pouco mais difícil, porque não sabemos a data exata da morte deles…

Mas esse registro da minha tia-avó Apparecida foi o ponto alto da busca. Tive a oportunidade de pegar o livro, datado de 1920, e ver ali o registro do escriturário com nome dos meus bisavós e trisavós paternos e maternos, incluindo os Polis! Os nomes do pai e da mãe do meu avô bateram com os da irmã ali registrada, e isso confesso que tirou um peso gigante dos meus ombros, mesmo não achando o documento deles. Pelo menos estamos no caminho certo!

Depois fomos até a Igreja Matriz da cidade em busca de mais documentos dos meus parentes, já que eles podiam ter somente as certidões originárias da igreja (o que era bem comum na época). Reviramos vários livros do começo do século XX em busca de registro que podiam nos ajudar, mas infelizmente não encontramos. Só encontramos mesmo o batizado da tia-avó Apparecida, aquela mesma que a gente nem sabia que existia!rs

Assim que cheguei na casa do meu tio, sentei no computador e comecei a procurar nos navios que chegaram no Brasil nomes que poderiam casar com os dos meus familiares. Achei! No final minhas famílias são de duas cidades, ambas na Toscana: os Benzi são de Santa Fiora, e os Poli de Pisa. Isso mesmo, os Poli, e não os Polis.

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Claro que isso me deixou mais empolgada, e eu vou atrás dos documentos agora em Uberaba, onde o Padre Hélio disse que a gente provavelmente vai encontrar estes documentos que precisamos. O mais legal é que isso virou uma busca de família; antes eu era a única interessada, depois disso vieram meu irmão e logo em seguida meus primos. Todos acabaram se envolvendo e ficaram curiosos em saber quem são os outros Benzi e os outros Polis mundo afora.

E até termos todos estes documentos em mãos, a busca não acaba!

Dicas Importantes

Esgote todas as possibilidades. Converse com todo mundo da sua família, pegue todas as certidões que puder (prepare o bolso!) e tente ligar os pontos. Muitos nomes podem ter sofrido alguma mutação ou “abrasileiração” (Giuseppe virar José, por exemplo), então é bom deixar o leque de opções aberto.

Não procure só em cartórios. Antigamente muitos registros eram feitos em igrejas, tanto de casamento quanto de batismo/nascimento. Se você não encontrar no cartório, procure a Igreja Matriz da cidade dos seus parentes, converse com o responsável e tente encontrar por lá.

Procure o arquivo público do seu estado. Eu procurei os de São Paulo (aqui) e Minas Gerais (aqui), porque é por onde a minha família passou. Foi ótimo porque consegui encontrar registros de todos, inclusive de folhas digitalizadas, com dados da família, da origem e do navio em que vieram. Um bom site para achar também é o Memória do Imigrante, que traz muitas informações.

Espero que tenha ajudado à você que está neste processo maluco e interessante também!

Beijos.

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