Italianando: Preparando a Documentação

por Daniele Polis
Italianando

Olá, gente, tudo bem?

Em 2015 e 2016 escrevi sobre documentos. Espero que esse seja meu último post sobre o assunto – com certeza vai ser o maior deles! ahaha

Eu e meu irmão estamos fazendo o processo juntos, então estou aqui juntando os documentos de nós dois, já que meu irmão trabalha viajando e não tem tempo de correr atrás de tudo. Aqui então estão valores e experiências para documentação de dois irmãos fazendo juntos o processo de reconhecimento de cidadania. Vale frisar porque os valores podem ter algum alteração de acordo com o número de documentos e de familiares.

A caça ao tesouro

Não consigo expressar de forma melhor tudo o que passamos até ter os documentos todos em mãos. Foi uma verdadeira caça ao tesouro, porque a gente começou esse processo todo com informações totalmente erradas – o que acredite, é pior que informação nenhuma.

Eu já tinha falado aqui que, ao contrário do que a gente pensava, nosso avô não era italiano, mas sim filho de italianos. Sendo assim, foi uma verdadeira odisseia achar a documentação dos meus bisavós, porque os documentos já tinham pelo menos cem anos. Pesquisando na Internet achei que meu bisavô era de Santa Fiora, e fiquei por mais de dois anos tentando falar com a cidade, para que me enviassem a documentação. Só que acontece que meu bisavô não nasceu em Santa Fiora, mas sim e Castell’Azzara, que fica a cerca de 20km de Santa Fiora.

Tive uma indicação de uma pessoa que disse para procurar no Family Search, e comecei a fuçar. Por alguma ajuda divina tive a ideia de procurar o Benzi com “s”, já que no Brasil o “s” pode ter som de “z”, e então eu achei: todas as informações do site batiam com as que tinham das certidões. Meu coração parou! Consegui descobrir nome completo, nome dos pais, dos avós, data exata do nascimento e cidade do nascimento. Sério, minha emoção foi tanta que senti como se tivesse achado o bilhete dourado do Willie Wonka!

Lá fui eu atrás do documento para continuar essa saga, que já dura há mais de dez anos. E quando eu vi ali a cópia do registro feito no final do século XIX eu não sabia se eu ria, chorava, pulava. A busca pelos documentos tinha acabado.

Juntando nossa documentação


Agora que a gente já sabia tudo, a vida ficou mais fácil. As certidões que tínhamos eram simples, e precisamos pedir ao cartório em inteiro teor. Quero muito agradecer aos meus primos e aos meus tios de Minas que ajudaram nessa tarefa, já que a maioria dos documentos são de lá. Os de São Paulo eu e minha mãe fomos atrás de tudo.

Como nossos pais não foram casados e a minha mãe, que é quem me transmite a cidadania, não foi quem nos registrou em cartório, precisamos fazer uma declaração de maternidade, onde atestamos que ela é nossa mãe e que nós somos filhos dela. É um procedimento bem fácil, só ir no cartório com o documento e pronto. No site do consulado italiano tem um modelo, seguimos ele. (veja aqui)

Para a única certidão italiana que precisei, eu primeiro pedi para o Comune, que não me enviou. Como estava com pressa, contratei o serviço no Pratiche, que saiu bem mais barato do que contratar uma pessoa para buscar e enviar. A certidão + envio custou 75 euros, com nota fiscal e tudo certinho, e eles te mandam uma cópia digital e a cópia física, o que achei ótimo. O Pratiche tem dois dificuldades: 1-ele é só em italiano, então tem que se virar pelo menos no básico; 2- você precisa saber exatamente todos os dados para pedir a cópia.

Depois de ter todos os documentos em mão, hora de fazer a tradução juramentada para o italiano (menos o documento italiano, é claro) para então apostilar.

documentação para cidadania italiana

Verificar divergências

Se seus documentos não apresentarem nenhuma divergenciazinha, agradeça! No final do século XIX/começo do século XX, era muito comum nomes serem “abrasileirados” e letras serem “engolidas”. Se você for olhar registros, é muito comum Domenico virar Domingos, Giuseppe virar José e por aí vai. Dependendo de onde você vai fazer (Brasil ou Itália), essas alterações são aceitas ou não.

Devido muitos problemas com reconhecimento de cidadania italiana na Itália, os órgãos dos comune estão ficando cada vez mais exigentes. Se você está com dúvida se vai passar ou não, retifique!

Desde setembro de 2017 os cartórios tem autonomia para fazer pequenas alterações, desde que sejam apresentadas provas que endossem seu pedido (leia aqui). Com isso você não precisa necessariamente contratar um advogado e o processo acaba sendo mais rápido. Para referência: em menos de quatro meses, retifiquei oito certidões de quatro cartórios e dois estados diferentes.

Importante: os cartórios não são obrigados à fazer esse tipo de retificação. Eles podem fazer, mas não há lei que os obrigue, importante ter isso em mente.

Dicas

• Procure os nomes dos antepassados com grafias diferentes. Troque o S pelo Z, o Z pelo C. Era muito comum, na época, trocarem essas grafias.

• Se você já tem todos os dados do seu antenato (nome completo, datas exatas e locais específicos), peça pelo Pratiche se o comune não te enviar. O valor sai bem mais barato do que você pedir para alguém na Itália buscar para você.

• Por enquanto só as capitais fazem o processo de apostilamento dos documentos. No site do Conselho Nacional de Justiça você consegue verificar todos os cartórios que fazem o apostilamento, então vale consultar para não perder a viagem. Clique aqui para conferir.

• O valor de cada apostilamento é o valor de uma procuração simples. Só que o valor dessa procuração varia de estado para estado – desde R$22,50 (Alagoas) até R$97,73 (São Paulo). Então se você tiver a oportunidade de ir até outro estado, faça as contas porque pode valer a pena.

• Crie uma conta no Family Search: você pode ter ajuda para encontrar um familiar seu por lá! E se você criar uma conta, não deixe de preencher a árvore com os nomes dos familiares que você tem, isso pode ajudar muito outras pessoas.


Acompanhe todos os posts sobre cidadania italiana clicando aqui

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Espero que este post tenha te ajudado 🙂

Beijos!

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