15 de julho de 2021 – o dia que vacinei contra COVID-19

por Daniele Polis
vacinei contra covid19

Oi, gente!

Eu nunca pensei em escrever um texto sobre algo que se tornou tão importante na minha vida.

Eu digo, quem imaginaria que iria viver uma pandemia? Eu nunca. Nem em meus devaneios mais pessimistas. Mas ela veio lá em 2020, chacoalhou o mundo (literalmente) inteiro, virou tudo de cabeça para baixo e assim a gente viu todos nossos planos e sonhos irem embora. Isso quando as coisas ainda estavam aceitáveis. De repente a gente viu a vida indo embora, de uma das maneiras mais tristes de todas.

As pessoas estavam morrendo de falta de ar. De um vírus novo que ninguém sabia o que era, como era e como lidar. E mesmo assim ele chegou assolando tudo.

Corremos para fazer o que deu. Usa máscara? Lava as mãos? Álcool em gel? Foi tudo isso e mais um pouco. Para quem estava preocupado, claro. Para alguns a pandemia e o COVID nunca existiu. Para mim era uma mistura de sentimos, nenhum deles bom. Ficamos em casa reclusos, afastamos o convívio físico e fomos levando cada um do jeito que deu, mas todo mundo com fantasmas que estavam escondidos no amário aparecendo para assombrar.

Nunca os profissionais de saúde foram tão importantes como último ano e meio. Desde quem trabalhava em hospitais até quem cuidava da nossa saúde física e mental. E nunca as relações humanas ficaram tão importantes e tão necessárias.




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Foram tempos malucos que exigiram muito da gente. Continuam exigindo, na verdade. Porque parece que tudo está ficando mais fácil, mas tudo continua tão desafiador quanto antes. Ou ainda mais desafiador, porque a gente está se cansando dia após dias, e todo dia a gente se questiona até quando vai conseguir.

E então veio a esperança: uma vacina desenvolvida em tempo recorde. Ela não é 100% eficaz, nenhuma vai ser, não importa a doença. Mas uma vacina começou a dar aquilo que a gente achava ter perdido – a esperança.

Não vou mentir – por vários dias eu achei que ia morrer. Pela letalidade do vírus, pela irresponsabilidade das pessoas. Eu estou trabalhando de casa desde março/2019, mas preciso sair para coisas básicas como mercado, farmácia e tudo mais. No começo eu fiquei 21 dias em casa, sozinha, sem ver ninguém. Ninguém mesmo. Depois que via uma pessoa ou outra, sempre estava com medo. Fiquei meses sem abraçar meus pais, e isso doeu. Estou há meses sem ver a grande parte dos meus amigos, e isso dói também. Mas saber que existia uma vacina, deu esperança.

Esperança que eu tive a oportunidade de ver concretizar, mas mais de meio milhão não teve. Eu fui escutando de gente que teve conhecido partindo. Um conhecido partiu. Aí a realidade chegou mesmo quando um dos meus amigos, uma das melhores pessoas que eu conheci na vida e que era da minha convivência pelos últimos 15 anos partiu. Eu não consigo dizer a dor que eu senti, mas com certeza não chega perto dos pais ou dos irmão dele. Pouco tempo depois, outra porrada – o marido de uma amiga também se foi. No final a gente tentou ser forte e dar apoio, mas por dentro a gente fica destruído. E tem como não ficar?

Finalmente foram divulgando os cronogramas de vacinação, e ela chegou cada vez mais perto da minha faixa etária. Cada dia parecia uma eternidade, mas estava lá eu esperançosa e ansiosa. Até que foi decretado: 15 de julho eu poderia tomar a primeira dose.

Eu vacinei contra COVID-19.

Quando anunciaram que meu dia estava finalmente marcado, a ansiedade me consumiu por completo. Depois de ver praticamente toda minha família vacinada, era minha vez! E eu estava tão ansiosa que todo mundo ao meu redor foi ficando também. Todo mundo contando o dia, me senti como se fosse meu aniversário.

O 15 de julho chegou. 9 e meia da manhã eu estava na Basílica da Penha, lugar onde está tendo aplicação, e tinha umas 40 pessoas na minha frente. Mas aquilo não importava. Estava um dia de sol lindo, um tempo agradável e eu só fiquei ali esperando a minha vez. Eu, que tenho pânico de agulha, achei que ia surtar e/ou passar vergonha, mas nada. Eu estava tão empolgada que filmei a aplicação, não fiz careta e ainda sai saltitando do local da aplicação.

E foi tão importante para mim que eu demorei alguns dias para escrever algumas palavras nas redes sociais sobre o que senti. Naquele momento eu vacinei eu só consegui dizer “se não publicar não aconteceu” e a foto. Depois foi para o Instagram algumas palavras mais fortes, mas o que eu conseguiria dizer mesmo só escrevendo aqui mesmo.

Depois que sai, e de todos os pulinhos, tirei essa foto onde não dá para ver meu sorriso, mas ele está ali embaixo da máscara (inclusive, continuem usando a PFF2, de preferência). Eu resolvi aproveitar que estava na igreja e fazer uma oração para agradecer.

Pode ser estranho falar em agradecer no meio de uma pandemia. Só que quando eu sentei ali no banco da basílica, eu parei para pensar que eu sofri pouco impacto no meio do caos. Ninguém da minha família se foi. Nenhum dos meus amigos mais próximos teve grandes perdas financeiras. A gente continua saudável e podendo viver todos dias com dignidade. Se isso não é motivo para agradecer, o que é? Foi então que comecei a chorar, aquele choro de lavar a alma. A emoção de toda aquela carga de 16 meses de uma montanha-russa pesada parecia estar menos pesada e o fim parece estar mais perto. Não que ele vá chegar logo, mas pelo menos já dá para considerar ver um final.

Passei na floricultura, comprei flores e voltei para casa cantando e feliz.

Não importa a marca da vacina, os efeitos colaterais (que tive apenas muito sono!), nada disso. O medo começou a passar, o peso saiu dos ombros e em breve já dá para pensar em dar aquele abraço em quem a gente adora – e que faz tanta falta.

Não perca sua chance da vacina. Não perca a segunda dose. Não escolha a marca. Vacina é um pacto coletivo, então precisamos de todos juntos, especialmente com a nova variante.

E para quem está respeitando tudo direitinho, fica firme. Estamos avançando.

Vai passar.

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Imagem por Markus Winkler no Pixabay

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